Quando o assunto é tapete, nem sempre é o lugar que conta!

Existe algo de profundamente humano no ato de tecer. Em suas tramas, cada tapete entrelaça memórias, símbolos, paisagens, rituais… É justamente por isso que carregam muito mais do que cores e desenhos: eles carregam histórias.
Quando o assunto é o estilo do tapete, você já deve ter ouvido falar termos como “étnico”, “africano” e “marroquino” e, por muito tempo, pode ter pensado que toda essa terminologia se refere à mesma coisa. Não é bem assim!
A diferença entre esses estilos é um bom exemplo de que o local em que são feitos, nem sempre, diz tudo sobre a história, a técnica ou a inspiração para criá-los. É o tipo de conhecimento que muda totalmente a relação com a peça, aumentando ainda mais a admiração e a identificação que nutrimos por ela.
Sinônimo de tapete no Brasil, a by Kamy explica as principais diferenças entre tapetes étnicos, africanos e marroquinos, aprofundando o conhecimento sobre a terminologia utilizada nesse universo:
Tapete étnico

A palavra “étnico” é usada frequentemente na terminologia dos tapetes, mas é preciso grande cuidado ao empregá-la. O primeiro passo é compreender que tradições têxteis não seguem exatamente os limites definidos pelos mapas, até porque muitos deles surgiram antes mesmo dos mapas existirem.
Voltando à essência da palavra, ela vem do grego ethnos, que remete à comunidade, ao pertencimento, à cultura de um povo. Um tapete étnico, portanto, não é definido apenas pelo local onde foi feito, mas também pela história que ele conta, pelas mãos que o criaram, pelos símbolos que representam os costumes do dia a dia, as crenças, as paisagens, a língua. Pode vir da África, da Ásia Central, da América Latina, ou de comunidades indígenas brasileiras.
Na maioria dos tapetes considerados étnicos na tradição têxtil, temos uma forte presença da geometria, floreios, padrões que se repetem ou até mesmo registros gráficos de coisas da vida. Traduzir a simplicidade da natureza em símbolos ou imagens é algo que acompanha todos os povos desde as pinturas rupestres.
Tapete africano

Talvez por ser a grande referência neste tipo de tapete, é bastante comum que se associe o termo “étnico” diretamente a tapetes africanos. E, sim, a África é uma fonte inesgotável de tradições têxteis.
Mas é importante deixar claro que, do ponto de vista da tradição têxtil, nem todo tapete africano é étnico, da mesma forma que nem todo tapete étnico tem origem africana, como dito acima.
Hoje, com a globalização do design e a mistura de técnicas, há uma variedade enorme de tapetes produzidos em solo africano que fogem completamente de estilos tradicionais. Por isso, o que torna um tapete no estilo étnico não é exatamente a sua origem geográfica, mas a presença de elementos, técnicas, padrões e materiais que expressam aquela identidade.
Tapete marroquino
Mas e os tapetes do Marrocos, como explicar a diferença? Embora seja um país do continente africano, os tapetes marroquinos têm características que os diferem de outros tapetes no mundo, de modo que, novamente do ponto de vista têxtil, classifica-los como étnicos ou africanos não seria tão adequado.
Por serem produzidos em uma região de intensa rota comercial e passagem para outros destinos, ali convergiram por séculos várias culturas diferentes que fazem os tapetes serem muito distintos entre si, alguns com influência berbere, como os de lã felpudos, outros com características mais orientais.

Essas trocas de informações são um ponto forte das regiões banhadas pelo Mar Mediterrâneo, que floresceram em cultura e arte por suas fortes ligações com países vizinhos, como se todos fossem moradores dos entornos de um grande lago.
Seja étnico, africano, marroquino e tantas outras variações, a essência humana e a necessidade de se expressar são o ponto em comum que une todos esses recortes, por isso, é tão enriquecedor e poético observar essas diferenças.
by Kamy
www.bykamy.com.br
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