A técnica de combinação de cores, que pode ser realizada tanto na vertical, horizontal e até na diagonal, contribui com a leveza e o clima descontraído para os ambientes
Segundo a filosofia chinesa do Feng Shui, ao modificar o ambiente em que se vive, abre-se a oportunidade de ressignificar o destino e os sentimentos dos moradores. Nos projetos de interiores, no momento de escolher a cor para pintar as paredes, eis que surge a questão: por que não ousar e escolher duas tonalidades para formar o estilo denominado como meia parede?
A versão do ‘meio a meio’ torna-se uma proposta interessante por vários motivos: além de revelar um toque de ousadia, as combinações expressam sensações como leveza, alegria e, no final das contas, pode ser a solução para quem aqueles que preferem um caminho mais comedido: para quem tem receio de investir em uma parede inteiramente colorida ou em um tom mais forte, a fusão de cores vem bem a calhar como um meio termo e segue em alta como tendência no décor de interiores.
“Eu gosto das possibilidades que a meia parede traz, pois pode combinar com todos os estilos de décor, a depender do contexto geral do projeto”, afirma a arquiteta Letícia de Nobrega, à frente do escritório que leva seu nome.
Mas além da paleta em si, a pintura em meia parede abre frente para expor a criatividade na aplicação das formas e texturas, resultando em uma solução prática e econômica para o bolso, quando o morador se permite experimentar. “Pensando no projeto residencial, é perfeitamente viável trabalhar com essa ideia nos ambientes da área social, como também dormitórios e até mesmo em áreas úmidas, como banheiros”, detalha a profissional. Nesse caso, ela aconselha uma adaptação: adotar um revestimento na altura entre o piso e o meio da parede para facilitar a limpeza e, na sequência, adotar a cor de tinta pretendida para o projeto.
Entretanto, em lavabos ou ainda banheiros sociais que possuam chuveiros de uso esporádico, a profissional afirma que é que possível manter o conceito das duas cores de tinta, sem a necessidade do revestimento. “Em casos que a umidade não será constante, podemos colocar apenas rodapés e adotar tinta nas paredes, tanto na metade de baixo quanto na de cima. Isso traz um ar mais social para o banheiro além de permitir ao morador economizar na compra do revestimento e na contratação de mão de obra para a instalação”, aconselha.
Por onde começar?
De acordo com a arquiteta Letícia Nobrega, dentro de um cômodo é interessante elencar a parede que receberá o destaque bicolor da pintura. No caso de suas paredes, a recomendação é que elas estejam conectadas para que a continuidade da arte promova uma fluidez confortável aos olhos.
Um universo de cores
A intenção do projeto sempre será o fio condutor que ajudará o profissional de arquitetura e o morador a definirem a paleta de cores. Muito bem pensada, essa ‘mistura’ pode ser mais sutil e neutra, quanto trazer um toque de ousadia, a depender do perfil do morador. “Podemos aplicar tons mais escuros ou vibrantes, quando a ideia for criar contraste. Por outro lado, é possível seguir com tons mais claros/pastel, propondo leveza em uma combinação mais sutil. Aliás, sempre indico essa opção para quem tem medo de ousar ou enjoar”, orienta Letícia.
Entre os atributos que analisa para a definição da meia parede, ela também leva em consideração os demais elementos presentes, como o piso. “Antes de pintar é preciso entender a intenção e o contexto. Se quisermos destacar uma parede e o piso for de madeira, por exemplo, a indicação é adotar tons frios, para realçar o contraste”, detalha.
Para a sensação de continuidade, tons análogos ao piso e mais quentes, neste caso, seriam a alternativa. Enquanto isso, para pisos frios mais claros, em nuances de cinza ou bege, o ambiente passa a contar com mais combinações de destaques na parede. “É importante avaliar as nuances dos mobiliários e outros itens decorativos”, complementa.
Por questões de luminosidade e amplitude, a arquiteta procurar utilizar o branco na parte superior, deixando o colorido reservado para a altura inferior. Essa conciliação se justifica, haja visto tudo o que está no nível dos olhos tende a chamar mais atenção, pois está sempre no campo visual das pessoas.
Geometria
A pintura em meia parede é comumente vista em linhas horizontais que promovem as sensações de horizonte, linearidade e amplitude ao ambiente. Todavia, alguns projetos seguem o caminho não tradicional e apostam em pinturas verticais, que por sua vez criam a ilusão de pé direito mais alto, por exemplo.
Por sua vez, as pinturas em diagonal partem para um lado temático e são recomendadas quando a intenção é proporcionar um destaque pontual, como uma poltrona no canto ou mesmo em dormitórios infantis.
Altura
Conforme esclarece a arquiteta, não existe uma regra que determina a altura da meia parede. Um critério que pode ajudar nessa decisão é pensar no tamanho dos móveis que ficarão próximos da meia parede. “Costumo considerar uma medida superior às dimensões de um sofá e uma mesa. Em torno de 1,20 m já considero uma referência interessante a ser trabalhada”, pontua Letícia.
Texturas
Revestimentos, painéis, portas e outras elementos marcantes não impedem a execução da arte em meia parede. É possível utilizá-los como um complemento da pintura, incorporando tudo no espaço.
Economia
Enfim, o desembolso financeiro! A pintura, por si só, é necessária e considerada como um investimento que não onera os projetos, mas também pode entrar em cena para economizar com outros detalhes mais dispendiosos. “Apostar na combinação de tintas pode minimizar o valor da obra e, ao mesmo tempo, provocar um impacto visual semelhante ao de um painel de madeira, por exemplo”, finaliza Letícia.
Sobre a arquiteta Letícia de Nóbrega
Captar a essência de cada cliente e contar as suas histórias nos espaços em que habitam é o que move não somente Letícia de Nóbrega como também o escritório que leva seu nome. Para ela e seus colaboradores, a arquitetura é sobre escolhas, mudanças e estilo de vida.
@leticiadenobrega.arq
Site: www.leticiadenobrega.com
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