Como fazer uma horta agroflorestal em pequenos espaços

horta agroflorestal

Paula Costa e Valter Ziantoni, fundadores da Pretaterra, explicam como fazer uma horta de 1 metro quadrado que segue princípios agroflorestais

Na zona rural ou mesmo em cidades do interior, é comum que as pessoas cultivem legumes, frutas, verduras, temperos e ervas aromáticas em casa, em hortas, espaços separados do resto do jardim. Mas, quem mora na cidade também pode plantar a própria comida, em casa ou num espaço comunitário – pois é possível criar uma horta num espaço reduzido, de apenas 1 metro quadrado. E a melhor parte é que é possível que essa horta siga princípios agroflorestais, da sucessão e da estratificação.

Paula Costa e Valter Ziantoni arranjando uma horta agroflorestal
Créditos: Divulgação

Algumas vantagens da horta urbana, de acordo com Paula Costa, fundadora do hub de inteligência agroflorestal Pretaterra, são a diminuição do consumo de produtos com agrotóxicos, a aproximação com a natureza e a revitalização de espaços ociosos. “E fazer uma é mais simples do que parece”, complementa Valter Ziantoni, também fundador da Pretaterra.

Veja a seguir como criar uma horta agroflorestal de 1 metro quadrado, passando por quatro momentos, segundo Paula e Valter:

Preparar o solo e arranjar a horta (de zero a dois meses)

Para o preparo do solo, é preciso de aproximadamente 10 quilos de esterco ou de humus de minhoca, 1 quilo de calcário e 40 litros de cobertura de solo (folhagem, aparas de madeira, galhos picados, restos de roçada de grama etc). Deve-se começar afofando o solo com uma enxada ou um enxadão.

O calcário deve ser incorporado ao solo em camadas mais profundas, com pelo menos 20 centímetros de profundidade. Já o esterco ou o humus podem ser distribuídos mais superficialmente, com 5 centímetros de profundidade. Se o humus ou o composto forem de boa qualidade, pode-se iniciar o plantio no mesmo dia. Já quem usar esterco, dependendo do nível de cura, pode iniciar o plantio de três a sete dias após a adubação.

Em seguida, é hora de arranjar a horta, para os primeiros dois meses. A sugestão é plantar duas linhas paralelas de mudas de alfaces roxas, intercaladas por mudas de cebolinhas. Entre uma linha e outra, pode-se plantar outras mudas. Nas extremidades da horta, paralelamente à alface e à cebolinha, deve-se plantar sementes de rúcula. Perpendicularmente, nas outras extremidades, deve-se plantar sementes de rabanete. Uma dica é não plantar essas sementes muito adensadas – e, se isso acontecer, fazer o desbaste de algumas plantas, para evitar que haja competição.

Quando as sementes de rúcula e rabanete germinarem, é preciso escolher algumas plantas, para não deixar o espaço adensado. “Uma informação importante é que tudo o que será colhido deve ser plantado no mesmo momento”, diz Paula. “Outra é que, após a colheita desta fase, as espécies plantadas por mudas estarão maiores.”

Nesta fase, a horta deve ser regada diariamente ou a cada dois dias – preferencialmente de manhã ou no fim da tarde.

Segundo momento de arranjar a horta (de três a seis meses)

Após a colheita de tudo o que foi plantado no primeiro momento, deve-se plantar mudas de couve, abobrinha e berinjela e sementes de quiabo e milho, além da mandioca (plantada por meio da maniva, a rama da planta, nos quatro cantos da horta). Quem não encontrar a maniva, pode plantar no lugar gengibre ou açafrão.

É possível que seja preciso aplicar mais uma camada de cobertura de solo, por exemplo, de humus (não necessariamente de adubação). Se houver bastante cobertura de solo, pode-se regar mais espaçadamente, uma vez a cada dois dias, de manhã ou no fim da tarde.

A colheita deve ser realizada ao longo dos meses, de acordo com a produção de cada espécie. “Por exemplo, o quiabo deve ser colhido sempre, para não ficar fibroso”, explica Paula. Após a produção dessas espécies, elas devem ser retiradas do sistema. “É importante não puxar as plantas pela raiz, para não revolver o solo. O indicado é cortar o caule bem na base”, diz Valter.

As exceções são a couve e a cebolinha, que podem permanecer por mais tempo no sistema se manejadas adequadamente. Da couve, devem ser retiradas as folhas, mantendo a planta, e, da cebolinha, deve-se retirar as folhas, mantendo somente as folhas internas.

Terceiro momento de arranjar a horta (até um ano)

Nesta fase, pode ser que seja preciso aplicar mais uma camada de cobertura de solo, como humus. Mais uma vez, se houver bastante cobertura de solo, é possível regar mais espaçadamente, uma vez a cada dois dias, de manhã ou no fim da tarde.

A mandioca já pode ser colhida – cada variedade da planta tem um prazo específico de colheita, entre 9 meses a 1 ano, é preciso prestar atenção a isso. Para fazer a colheita, pode-se cavar um pouco ao redor da planta e retirar uma raiz por vez. Outra opção é remover toda a planta de uma só vez.

Quarto momento de arranjar a horta (após um ano)

Após a colheita da mandioca, é hora de começar tudo de novo – mais um ciclo de produção de alimentos, começando por alface roxa, cebolinha, rúcula, rabanete etc.

Sobre a Pretaterra

A consultoria se dedica à disseminação de sistemas agroflorestais regenerativos – desenvolvendo designs replicáveis e elásticos, combinando dados científicos, informações empíricas e conhecimentos tradicionais a inovações tecnológicas e construindo um novo paradigma produtivo, que seja sustentável, resiliente e duradouro.

Na vanguarda da agrofloresta, a Pretaterra conquistou, em 2018, o primeiro lugar na categoria “Negócios Inovadores” no concurso de startups no Hackatown. Em 2019, projetou, implementou e modelou economicamente o design agroflorestal que ganhou o primeiro lugar na categoria “Sustentabilidade” no Prêmio Novo Agro, do Banco Santander e da Esalq – o case “Café dos Contos”, em Monte Sião, Minas Gerais. Em 2020, a empresa esteve entre as finalistas do Prêmio Latinoamerica Verde, para startups e projetos inovadores em sustentabilidade na América Latina.

A convite do Príncipe Charles e do Instituto Florestal Europeu, em 2021, a Pretaterra passou a liderar a frente agroflorestal da Aliança da Bioeconomia Circular. No mesmo ano, foi criada a Pretaterra Academy, o spin-off educacional da empresa, uma plataforma de formação agroflorestal.

Para mais informações, acesse www.pretaterra.com e as redes sociais da empresa: LinkedIn, Instagram, Facebook, Twitter e YouTube.

Saiba mais sobre o que acontece aqui em Arquimorar

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *